Eu finalmente cheguei onde eu queria. Foi um caminho árduo, uma batalha contra minha ansiedade, e meu auto-controle foi posto a prova diversas vezes. Eu me lembro bem dos primeiros dias. Era mês de julho, e eu estava com a auto-estima lá em baixo. Eu ia para a academia, sentava na bike na aula de spinning e passava mal, muito mal. Eu ficava com a cabeça pesada, muito tonta.
O que me levou a tomar uma atitude foi o ponto em que eu cheguei. No trabalho eu também passava mal demais, eu olhava para o monitor e logo em seguida olhava para o teclado, e daí tudo girava. Eu suava frio e corria para comer meus doces e meus biscoitos. As roupas que eu tinha no armário já não cabiam mais, e eu ganhava calças e blusinhas cada vez maiores. Em junho eu ganhei uma calça tamanho 50, isso foi uma grande tristeza para mim. Eu que usava tamanho 38, me senti uma perdedora. Imaginem, eu usando tamanho 50!!! Eu confesso que fiquei com muita vontade de chorar nesse dia.
Eu já vinha de um processo muito difícil. Ansiedade, depressão... as coisas não estavam bem para mim há algum tempo. A minha vida tinha saído de meu controle, eu jã não conseguia mais tomar decisões sobre o que eu comia, o que eu vestia. Minha aparência era de um fantasma. De manhã eu colocava uma calça jeans por cima do pijama, e saía para trabalhar, sem nem mesmo pentear os cabelos. Foi um tempo muito difícil. Muito mesmo.
Minha gastrite estava me dando também muito trabalho. As dores eram terríveis, e o meu hábito de "encher a pança" nas principais refeições fazia doer demais o estômago. Minha gastroenterologista me aconselhou a comer de 3 em 3 horas em poucas quantidades, mas eu não conseguia parar de encher meu estômago de maneira compulsiva, como se cada refeição fosse a última da vida. Se eu visse algo na geladeira ou na dispensa que ninguém da casa fosse comer, eu pensava: "não posso deixar isso estragar, vou comer, pois é errado jogar comida fora" e lá ia eu, comer, comer e comer. Se eu me estressava (o que acontecia com certa frequência) a comida me consolava, como uma grande amiga. Depois de me enfastiar eu tinha ódio de mim mesma por ter comido tanto. A comida então virava minha grande inimiga.
Um dia eu estava lendo uns blogs de mulheres que emagreceram e uma frase chamou minha atenção. Era mais ou menos assim: "Eu decidi tomar as rédeas da minha vida". Esta simples frase me causou um grande impacto, foi como um chacoalhão mesmo. Daquele momento em diante eu pensei: "Agora chegou minha vez de tomar as rédeas da minha vida. Se essas pessoas conseguiram, se elas mudaram tudo, eu também posso" E assim foi. Levei a reeducação alimentar mais a sério a partir de então, porém ainda estava com aquela tontura horrível. Resolvi ir ao otorrino, pois imagina que aquilo tinha algo a ver com o ouvido, eu já tinha ido ao oftalmologista e os exames não apontavam nada de errado. Eu estava no caminho certo, embora estivesse ainda me sentindo muito perdida.
O otorrinolarisgologista pediu vários exames, entre eles estavam os exames de curva glicêmica, colesterol e triglicérides. Ele disse que provavelmente a origem do meu mal estar seria encontrada neses exames, e me perguntou se eu comia muitos doces. De fato eu comia doces demais, demais... eu já tinha começado a diminuir um pouco, pois estava lutando para seguir a R.A. direito. Nessa altura do campeonato eu estava desesperada querendo saber o motivo daquelas tonturas e esperando ansiosamente que tudo aquilo acabasse. Quando levei o resultado dos exames ao médico eu descobri que a minha hipoglicemia estava me causando todo aquele desconforto. E o médico me disse que o mal estar vinha do fato de que minha hipoglicemia estava me deixando a um passo da diabetes. Foi um susto enorme, mas o médico me disse que em meu caso bastava que eu mudasse minha alimentação e fazer exercícios aeróbicos, isto é, que eu cortasse os doces e frequentasse academia umas 3 vezes na semana fazendo exercícios que me fizessem suar bastante. Por mais estranho que pareça eu me senti feliz quando o médico me disse que teria de cortar todo o doce da minha vida. Eu fiquei feliz porque eu não tomaria nenhum remédio, bastava mudar minha alimentação e levar os exercícios a sério. Eu pensei: se eu seguir as orientações da gastroenterologista e as do otorrinolaringologista, eu vou melhorar do estômago, das tonturas e de brinde vai vir uma mudança de visual. E assim foi. Obedeci tacitamente. E o resultado veio.
Aqui estou 15kg mais magra, depois de 6 meses. As tonturas foram embora, e eu nunca mais tive que ir as pressas para o hospital com dor de estômago.
Foi um processo lento, embora para os outros parece que "emagreci muito depressa". Tem uma música que diz "você não sabe o quanto eu caminhei para chegar até aqui" e é exatamente assim que me sinto. E hoje eu posso dizer que eu tomei as rédeas da minha vida.